sexta-feira, 24 de abril de 2020

FRANCISCA NOLASCO FERNANDES



Dona CHICUTA NOLASCO Nasceu em 15 de dezembro de 1908 em Jardim de Piranhas , então distrito de Caicó, no Rio Grande do Norte. “Não era uma menina alegre, nem desenvolvida para a idade e, além de tudo, feia e amarelinha” (p. 59). Era assim que se percebia. Em Caicó transcorreram os primeiros anos de sua vida, estudante do Grupo Escolar Senador Guerra, lugar ideal para ela. Foi casada com o Dr. Túlio Fernandes de Oliveira e teve quatro filhos: Hilma Fernandes de Matos Serejo, Túlio Fernandes de Oliveira Filho, Sebastião Fernandes de Oliveira Neto e Caio Flávio Fernandes de Oliveira. Faleceu em 10 de junho de 1995, com quase oitenta e sete anos.
FOTO - LIVRO 400 NOMES DE NATAL

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA CHICUTA NOLASCO


LEI Nº 5823, DE 01 DE NOVEMBRO DE 2007



DENOMINA DE PROFESSORA CHICUTA NOLASCO FERNANDES UMA ESCOLA MUNICIPAL DE NOSSA CIDADE, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.


O PREFEITO MUNICIPAL DE NATAL, Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica denominada de "Professora Chicuta Nolasco Fernandes" (in memoriam), uma das escola do Sistema Municipal de Educação.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio Felipe Camarão, em Natal/RN, 01 de novembro de 2007.

CARLOS EDUARDO NUNES ALVES
Prefeito

FRANCISCA NOLASCO FERNANDES



Dona CHICUTA NOLASCO Nasceu em 15 de dezembro de 1908 em Jardim de Piranhas , então distrito de Caicó, no Rio Grande do Norte. “Não era uma menina alegre, nem desenvolvida para a idade e, além de tudo, feia e amarelinha” (p. 59). Era assim que se percebia. Em Caicó transcorreram os primeiros anos de sua vida, estudante do Grupo Escolar Senador Guerra, lugar ideal para ela. Foi casada com o Dr. Túlio Fernandes de Oliveira e teve quatro filhos: Hilma Fernandes de Matos Serejo, Túlio Fernandes de Oliveira Filho, Sebastião Fernandes de Oliveira Neto e Caio Flávio Fernandes de Oliveira. Faleceu em 10 de junho de 1995, com quase oitenta e sete anos.
Quando as crianças terminavam o primário, os pais que podiam enviavam-nas para estudar em colégios distantes; entretanto seus pais (Pedro Nolasco de Sena e Paulina Maria da Conceição) não eram desses felizardos e ela repetiu o 4 o ano. Sem
muita perspectiva de estudo, D. Chicuta buscava na leitura seu entretenimento predileto, ocasião em que leu livros encontrados na casa de vizinhos como: os folhetins de Rafles e outros de Michel de Zevaco e toda uma literatura de cordel que adorava, mas inapropriada para uma menina de onze anos. Tornou-se leitora da coleção Azul, de M. Delly, da Revista Feminina. Leituras essas que ajudavam-na a esperar com paciência “os bons tempos que haveriam de vir” (p.75) e na companhia do pai (líamos muito, eu para ele) lia os livros de formação de Samuel Smiles, de O. S. Marden e outros da sua exígua biblioteca
Posteriormente, fez um curso complementar com um Pastor protestante, o senhor Aureliano e sua mulher D. Sefora Gonçalves, que concorreu bastante para a decisão do seu pai. Ela era a menina dos olhos de seu pai, que “via na filha o meio de realizar aquilo que ele não conseguira – estudar, ter um futuro, uma carreira, uma vida” (p. 59). O resultado dessa realização está expresso no seu livro, objeto desta análise: ao meu pai Pedro Nolasco, minha homenagem póstuma de admiração e carinho
Durante esse curso, lia até altas horas da noite os únicos livros que possuía: a Gramática do Curso Superior de Eduardo Carlos Pereira, o Livro do Discípulo (por onde fazia os exercícios gramaticais), a História do Brasil de Rocha Pombo, a Aritmética Elementar de Trajano e uma Gramática de Inglês. Finalmente sai de Caicó, aos 13 anos, para estudar em regime de internato na Escola Doméstica
Além de aluna desse estabelecimento de ensino, D. Chicuta, pessoa de muita sorte na vida, conforme ela mesma afirma, foi professora durante trinta e cinco anos. Esse tempo de docência e mais uns cinco anos de aluna interna fizeram dessa professora um elemento fortemente ligado à Escola Doméstica, pelo que recebeu e por tudo que fez ao longo de sua vida profissional
Tinha uma memória surpreendente, sabia de cor toda a geografia física das cinco partes do mundo. “O Dr. Ivo Cavalcanti gostava de me testar em classe, com o que eu me sentia compensada das outras deficiências” (p. 50). As outras deficiências seriam a sua falta de jeito para com os arranjos domésticos e as receitas extraordinárias de bons quitutes. “Nunca fui uma boa aluna das cadeiras práticas. Em cozinha eu era um desastre, até o final do curso. E essa era a cadeira em que meu pai queria que eu me aperfeiçoasse” (p. 87). Confessava. Escapavam-lhes minúcias, detalhes elaborados com arte, que esquecia ou ignorava: “eu não era jeitosa nem física nem tecnicamente” (p.50). Ela, que tanto ajudava sua mãe nas lides domésticas.
Entretanto, conservava sempre o lugar de primeira da classe. No final do curso foi a oradora da turma, laureada com uma viagem à Europa, juntamente com a sua amiga Silvina Maciel, futura senhora Mário Gadelha Simas
De acordo com suas memórias, aprendeu a ser professora sem as metodologias tão necessárias. Considerava o aluno a matéria prima de seu trabalho e gostava de saber mais e mais para transmitir. “Era esta a minha vaidade, Deus me perdoe” (p.87).
Em 1930, foi designada pelo Diretor do Departamento de Educação, Dr. Francisco Ivo Cavalcanti, para atender ao convite do governo de Pernambuco para a implantação de uma reforma de ensino no seu estado. Com essa escolha, renuncia ao referido prêmio de viagem à Europa. “Naquele tempo os Estados alteravam as suas leis de ensino quando achavam conveniente, pois não havia a Lei de Diretrizes e Bases que levou anos para ser elaborada e tão pouco tempo relativamente, para ser testada” (p.73). Referia-se ao período pré revolução de 1930, no qual o governo Estácio Coimbra se propôs a reformar o ensino no seu estado
Enquanto professora da Escola Doméstica, D. Chicuta gozava de prestígio, mas como colaboradora da reforma faziam-lhe restrições, embora sua participação fosse apenas no terreno da Economia Doméstica, “que merecia total aprovação dos educadores tradicionais, sistematicamente contra a Reforma4 ” (p. 85). Ela narra que certa vez foi à Saúde Pública mostrar às alunas gráficos sobre a mortalidade infantil e outras demonstrações práticas relacionadas ao assunto. Isso foi o suficiente para um jornal da cidade (que ela não cita qual) publicar que professora vinda da Escola Doméstica levava as alunas à Saúde Pública para ver como nascem os bebês.
O momento histórico que ela viveu nesse período foi o da efervescência do último ano da República Velha, da revolução que abalou o país, derrubando da Presidência da República Washington Luís e colocando em seu lugar Getúlio Vargas.
“Eram freqüentes as escaramuças entre soldados e civis e, mais de uma vez, ficamos encurraladas na escola da Barão de S. Borja, devido aos tiroteios que se desenrolavam, nas ruas de Recife, muitas vezes, nem sabíamos porquê” (p.79).
Juarez Távora era um ídolo; muitas vezes presenciou, das sacadas dos velhos sobrados da rua da Imperatriz, comícios com o seu retrato, carregado em procissão, como um santo; e quando era ele próprio, havia gente que se ajoelhava à sua passagem; tanto entusiasmo, ela afirma que só presenciou trinta e muitos anos depois, já em Natal nas campanhas Aluisistas5 , sendo em proporções dez vezes maiores.
Quando rebentou a revolução, a Escola Técnico - Profissional Feminina, na qual ela trabalhava, foi totalmente destruída e reorganizada e posta a funcionar após a revolução. Trata-se de uma escola “luxuosamente instalada e com freqüência de quase 800 alunas, das mais humildes às de mediana condição social, que ali iam buscar conhecimentos técnicos diversificados que iriam garantir-lhe um meio de sobreviver” (p.81). Contudo, relembra D. Chicuta: “na sanha contra um governo a quem odiava, o povo não poupou aquilo que lhe custara as próprias energias. Agora, em nome da revolução, destruíam-se as obras que serviam ao povo e que seriam, como de fato o foram, reconstituídas com o dinheiro desse mesmo povo” (p.81)
Logo que o Governo Revolucionário permitiu sair de Recife, “zarpei para a minha terra e adeus contratos vantajosos. Ganhava 900 mil réis e voltou para a Escola Doméstica ganhando 150 mil réis” 
(p. 81).
FOTO - LIVRO 400 NOMES DE NATAL
HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL DE NATAL

Ser professora da Escola Doméstica não bastava para D. Chicuta. Ela pretendia servir ao Estado. Por indicação do Dr. Américo de Oliveira Costa, então secretário Geral do Governo Dix-Sept Rosado, foi nomeada professora da Cadeira de Português da Escola Normal de Natal em 04 de junho de 1951, na vaga existente em virtude da exoneração do Bacharel Raimundo Nonato Fernandes. Segundo suas reminiscências, naquele tempo as pessoas alcançavam o magistério por três caminhos: a- tempo útil de serviço público; b- mérito provado no magistério; c- um bom pistolão. Ela, incentivada pelo diretor da escola, o professor Clementino Câmara, embarcou na categoria C.
“Nessa Escola Normal de tanto conceito, de tanta tradição, que titulara os elementos mais representativos da vida educacional do Estado, nessa Escola entrei eu, em 1952, como professora interina” (p. 117). Já não era mais aquela menina feia e amarelinha, nem a jovem desamparada que haviam mandado para Recife; desabafa a professora. Confessa que admirava a Escola Normal muito antes de fazer parte dessa Congregação “pelo alto padrão de austeridade e pelas exigências morais e intelectuais a que submetiam os que desejavam ingressar nas suas fileiras de alunos ou nos seus quadros de magistério” (p. 103).
No entanto, não era professora formada. Não possuía diploma válido “senão aquele pergaminho miraculoso da Escola Doméstica” (p.97), que lhe conferiu o título de Dona de Casa, sem especificar o nível de ensino. Ela se constrangia com essa situação, quando tinha que preencher questionários vindos do ministério e era forçada a registrar o diploma que possuía.
Vale registrar que a Lei Orgânica do Ensino Secundário (Decreto - Lei 4.244, de 9 de abril de 1942) alterou o próprio curso Normal, com a criação do Primeiro CicloGinasial, com duração de quatro séries anuais e o segundo Ciclo, o Colegial (Clássico e Científico), com duração de três séries anuais. Os colégios procuraram se ajustar à nova lei, reformulando currículos, modificando a duração dos cursos; entretanto, a Escola Doméstica somente mais tarde faria suas adaptações.
“Era penoso para mim verificar que a Escola Doméstica, que nos dava um grau de ensino tão elevado, não possuía aqueles níveis oficiais exigidos, para justificar o cargo que eu ocupava” (p. 97). O cargo que então ocupava na Escola Normal era o de Diretora, em substituição a Clementino Hermógenes da Silva Câmara. O Diário Oficial de 30 de setembro de 1952 trazia o ato de sua nomeação “de acordo com o artigo 86 do Decreto-Lei n. 123 de 28 de outubro de 1941 para a função gratificada de Diretora do referido estabelecimento de ensino. Cargo no qual permaneceu até 30 de janeiro de 1956. Para D. Chicuta, esse período para a Escola foi de adaptação, readaptação, instalação e organização. Época que ela chama das migrações.
Nesse tempo a Escola Normal funcionava na Ribeira, no prédio que se chamava Grupo Escolar Modelo, na Praça Augusto Severo. “Todo mundo sabia que era ali a Escola Normal, mas se dizia que era o Grupo Modelo6 ” (p.126). Nesse estabelecimento funcionavam um Grupo Escolar e um Jardim Modelo, que serviam à prática das normalistas. Coube ao governo Silvio Piza Pedrosa a inauguração do Instituto de Educação, em forma de X, na Avenida Campos Sales. D. Chicuta pensava que “aquilo era destinado exclusivamente à instalação de um Instituto de Educação que nós ainda não tínhamos” (p 129); Todavia, o Ateneu também foi para lá e absorveu todo o espaço físico. A Escola Normal absorveu uma perna do X, exatamente onde não havia sequer lavatório. Os problemas enfrentados eram muitos, as tensões, as conquistas para fazer
valer os direitos da referida escola que era uma hóspede indesejável nas dependências do Ateneu. Ela, mesmo assim, organizava festivais, sessões solenes comemorativas das datas escolares e utilizava o auditório do prédio, espaço que não dispunha na Ribeira.
As migrações da Escola Normal continuavam, passando pelos subterrâneos da Escola de Comércio na Ribeira e finalmente o governo Silvio Piza Pedrosa constrói o novo Instituto de Educação7 e instalou (nos últimos dias do governo) o que se destinava à Escola Normal, ao Grupo Modelo, agora com o nome de Escola de Aplicação e com o Jardim Modelo, anexo.
Finalmente, durante o governo Aluísio Alves, foi construído e inaugurado o Instituto de Educação Presidente Kennedy, com verbas oriundas do convênio firmado entre o Estado e a Aliança para o Progresso/USAID e implementado em Natal através do Serviço cooperativo do Ensino do Rio Grande do Norte (SECERN). Por intermédio desse convênio, os Estados Unidos destinavam recursos à educação primária no Brasil, procurando exercer sua influência no campo educacional brasileiro. Vale registrar que após 1964 o país vivia sob o regime da ditadura militar e esses convênios contribuíram para a mudança na estrutura educacional do país, desde o primário à universidade
“Bati-me quanto pude contra a escolha do terreno” (p.142). Declara D. Chicuta. Para ela, o local escolhido para construção do Instituto era uma área imensa e despovoada; os motoristas de ônibus eram intoleráveis, massacravam a paciência das alunas e professoras que utilizavam esse meio de transporte. Esse era um lugar muito isolado para funcionar uma escola de moças, embora entendesse que era para aqueles lados que a cidade crescia, achava muito remota a possibilidade de habitação. No entanto, ela mesma fala que o tempo se encarregou de mostrar que ela estava errada. Com a inauguração do Estádio de Lagoa Nova, a região modificaria sua topografia. Em seu livro há uma nota em negrita: a cidade cresceu, mas não para aquele lado. O Kennedy continua isolado. O tempo se encarregou de mostrar o contrário. O atual Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy situa-se na Avenida Miguel Castro, no movimentado Bairro de Lagoa Nova. Outros tempos, outras configurações
D. Chicuta pede demissão, em caráter irrevogável, com o término do governo Silvio Pedrosa, em 30 de janeiro de 1956 e como vice-diretora do Instituto de Educação; com a mudança havia um Diretor Geral, Celestino Pimentel. Sucedendo ao seu mandato, entra o professor Vicente de Almeida, de maio de 1956 a maio de 1957, no governo Dinarte Mariz, tendo como Secretário de Educação o Dr. Tarcísio Maia. Sucessivamente, entra a professora Maria Elza Fernandes Sena, embora D. Chicuta assumisse a direção, algumas vezes, quando essa diretora se afastava para fazer cursos no Rio de Janeiro. E assim ela viveu tranqüila os anos de 1956, 1957, 1958 e começo de 1959, apenas exercendo o magistério, disposta a não assumir outros compromissos. Confessa
Todavia, volta à cena como Diretora em 24 de março de 1959, quando Grimaldi Ribeiro era Secretário de Educação e, posteriormente, em 1961, nomeada Diretora do Instituto de Educação. Cargos esses que ocupou até sua aposentadoria, no final de 1966, durante o governo Monsenhor Walfredo Gurgel.
Convidada a participar em 1981, aos setenta e três anos, da festa dos vinte e cinco anos da turma de 1956 da Escola Normal, fez um discurso no qual relembra seu empenho no trabalho enquanto diretora. “Se não fizemos uma escola modelo abrimos um crédito de confiança para o nome das professorinhas da Escola Normal, que se espalharam pelo estado, foram para o magistério umas, outras na função pública, todas capazes e recebidas com carinho e confiança no alto mercado de trabalho magisterial ou funcional”. Afirma em seu discurso.
Teve que fazer uma campanha ferrenha, persistente e severa de valorização para que as normalistas usassem o laço com orgulho, distintivo de sua farda. As alunas preferiam andar com as mangas arregaçadas, para que se pensasse que elas eram do Colégio Imaculada. “A manga da farda do Imaculada era curta e a nossa comprida. E a gola era tipo esporte, enquanto a nossa era fechadinha no pescoço, com uma laço
Quando D. Chicuta ingressou na Escola Normal de Natal, o curso era de três anos. A Lei Orgânica do Ensino Normal n. 8.530 de 2 de janeiro de 1946 exigia o ginasial para ingresso, que de cinco passou para quatro anos e dividia o ensino Normal em dois ciclos como o secundário. Por causa dessa alteração, em 1948 a Escola Normal não diplomou nenhuma turma (p. 101).
HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL DE NATAL: MEMÓRIAS DA PROFESSORA FRANCISCA NOLASCO FERNANDES (D. CHICUTA 1908- 1995) Maria Arisnete Câmara de Morais/UFRN

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